O Rio de Clarice Lispector

IMS, Equipe. O Rio de Clarice Lispector. IMS Clarice Lispector, 2023. Disponível em: https://site.claricelispector.ims.com.br/2023/12/09/rio-de-clarice-lispector/. Acesso em: 27 abril 2024.

Clarice Lispector passou a infância em Recife, mas aos 15 anos se mudou com o pai e as duas irmãs para o Rio de Janeiro. Foi na então capital federal que a escritora viveu a juventude e o início da vida adulta: concluiu o ensino médio, se formou na faculdade de direito, teve as primeiras experiências profissionais na imprensa, se casou e, em 1943, lançou seu primeiro livro Perto do coração selvagem.

Seguiu-se uma longa temporada – 16 anos – sem residência fixa na cidade. Acompanhando o marido diplomata, Maury Gurgel Valente, viveu em Belém, Nápoles, Berna, Torquay e Washington. Em 1959, recém-divorciada e com dois filhos, Clarice retornou ao Rio de Janeiro, onde viveria, até o fim da vida, no bairro do Leme. No total, foram 28 anos vivendo na cidade. 

A biógrafa Teresa Montero mapeou os lugares frequentados pela escritora e por seus personagens e há 11 anos criou um passeio guiado pelo Rio, no qual entrelaça histórias da vida e da obra da autora de Laços de família.

Foi em São Cristóvão, por exemplo, na célebre Feira dos Nordestinos, frequentada por Clarice para comprar melado de cana e beiju, que a escritora flagrou o olhar de sua personagem Macabéa, de A hora da estrela. Em outro bairro, o Jardim Botânico, Ana, protagonista do conto “Amor”, após a visão de um cego mascando chiclete, desce abruptamente do ônibus para se perder na vastidão vegetal do parque, passando por uma experiência existencial transformadora. 

Em 2018, o roteiro elaborado por Teresa Montero se transformou em livro, O Rio de Clarice: passeio afetivo pela cidade, publicado pela editora Autêntica. 

A partir dele, a Coordenadoria de Literatura do Instituto Moreira Salles criou o vídeo média-metragem O Rio de Clarice Lispector para celebrar o nascimento da grande escritora no próximo dia 10 de dezembro. 

É a própria Teresa Montero que guia o passeio, dando informações biográficas e lendo trechos de contos, crônicas, cartas e romances que localizam Clarice e seus personagens em lugares como Jardim Botânico, Parque da Tijuca, Feira de São Cristóvão e Leme. Trata-se de um percurso íntimo, revelador de cenários que convocam a emoção. Biografia e ficção cruzam-se na paisagem carioca e o que era cenário transforma-se em “personagem”.

Lá estão, por exemplo, o restaurante onde Lori e Ulisses, de Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres, se encontravam, bem como a área comum de um edifício que refaz concretamente passagens de A paixão segundo GH. Como se caminhasse pela cidade, o espectador reconstitui laços fundamentais que atam a vida familiar, as amizades, as experiências pessoais e o processo de criação clariceano.

O Rio de Clarice Lispector tem direção de Eucanaã Ferrraz, roteiro de Bruno Cosentino e edição de Laura Liuzzi – que vêm regularmente produzindo material audiovisual para o site dedicado à escritora mantido pelo Instituto Moreira Salles (claricelispector.ims.com.br).

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O projeto “Hora de Clarice” foi lançado em 2011 pelo IMS com a proposta de fazer com que a data de nascimento da autora seja comemorada e faça parte do calendário cultural do Brasil e de outros países. Todo ano, tanto a programação do Instituto quanto a das instituições parceiras ficam disponíveis no site especial do evento.

Notas