Caderno 38

Lisboa, 14 de agosto de 1944 – no avião para Casablanca / R.C. é uma das melhores pessoas que eu conheço. Ele disse que é grato a mim por eu [ter] dado a ele um estado de alma no qual é possível ver discernir e fazer certas poesias. Que não acreditava em mulher há muitos anos. E é necessário acreditar. Mas que é hora que eu vá porque senão ele teria uma dessas paixões que o indivíduo se rasga a noite toda e na manhã seguinte arranja uma francesa para passar perto e fazer ciúmes. Que mesmo agora ele se sente desconfiado junto de mim e com pudor. É bom que eu esteja casada e feliz – senão ele se apaixonava. Fiquei com pena de embarcar com pena dele, se bem que não haja motivo.