Caderno 42

Lisboa, 11 [de agosto de 1944] / R.C. acaba de conversar longamente pelo telefone. Gostaria que eu ficasse aqui trinta mil dias esperando pelo avião. Que não é caso para exageros, nem para diminuições, mas que existe, que é uma pedra no caminho. Que, aliás, é de algum modo antigo porque ele desviava o caminho do Flamengo para a rua Silveira Martins, para ver se me via passar. Que desde o momento em que desembarquei e cheguei na embaixada ele tem vivido de um modo todo especial, mágico. Que ele se sentiu orgulhosíssimo de mim quando viu o [ilegível] na festa dele. Que a Natércia e o Gaspar Simões e todos ficaram deslumbrados. Disse que eu não posso entender porque sou mulher e criança: não posso entender como as mulheres são chatas, (vivacidade verbal) um dia está bem, na segunda vez cansam, joiazinhas da Sloper, nenhuma autêntica. Que para ele eu tenho