O artigo aborda o conto Amor, de Clarice Lispector, do livro Laços de família, observando como o texto tensiona as oscilações entre o familiar e o estranho (FREUD, 1987) na representação das relações familiares e como instaura uma percepção desautomatizada (CHKLOVSKI, 1973) a partir do embate da personagem Ana com seus outros sociais (o cego, a percepção da fome de crianças). As relações ficção e sociedade serão observadas no conto (visto em correlação com outros textos da autora), com atenção às categorias narrador e focalização (GENETTE, 2017) e a formulações da crítica cultural (ADORNO, 2000; ADORNO, HORKHEIMER, 1980; MATOS, 1993; NIETSZCHE, 1987). Percorremos ainda aspectos simbólicos presentes na obra abordada (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2020; ELIADE, 1996), observando também a questão da ocorrência de epifanias na obra, dialogando quanto a esse e outros aspectos com a fortuna crítica da escritora.