“Um romance que faltava.” Foi assim que o crítico literário Antonio Candido se referiu ao romance de estreia da jovem Clarice Lispector, de 1943.
Segundo romance de Clarice Lispector, foi escrito quando a autora vivia na Europa, tendo sido finalizado em Nápoles, ao término da II Guerra Mundial.
O romance se passa na década de 1920, no pouco atraente subúrbio de São Geraldo, onde vive a jovem Lucrécia Neves caracterizada pelo essencial confronto entre campo e cidade.
Exibindo domínio absoluto dessa forma breve de narrativa, o livro com 13 contos, alguns dos quais já publicados na imprensa, garantiu à escritora o prêmio Jabuti de literatura em 1961.
“É o melhor. Não posso defini-lo… posso apenas dizer que é muito mais bem construído que os anteriores”, declara Clarice Lispector sobre esta sua obra.
O livro desconstrói clichês sobre amizade, solidariedade, velhice, discute falsos valores da família burguesa e investiga a ligação com o outro, o diferente.
Com uma operação meticulosa da escrita, Clarice extrai o máximo de um enredo banal e realiza o que para muitos será o seu maior empreendimento literário.
Escrita nos anos 1950, foi a primeira obra destinada a crianças. Nasce de uma pergunta de seu filho Paulo: “Por que você só escreve livros para adultos?”
A sintonia com o universo infantil torna a produção de Clarice para crianças inovadora. Os animais são suportes para emoções humanas e aparecem aqui em micronarrativas.
Loreley, apelidada Lóri, sai de Campos para trabalhar como professora primária no Rio de Janeiro. Aqui se apaixona por Ulisses, professor universitário de filosofia.
O talento indiscutível de Clarice aparece nesses breves e tensos contos que comunicam o que ela vê nos intervalos do mundo: o mar, um livro, um beijo.
O manuscrito “Objeto gritante”, elaborado a partir de crônicas, jamais foi publicado. Clarice transformou-o em Água viva, em que radicaliza processos inovadores de escrita.
Lançado em 1974, o livro causou polêmica. Parte da crítica reagiu negativamente àquela obra escrita por encomenda, com a proposta de ser erótica.
Terceira obra para crianças, o enredo traz as aventuras da protagonista Laura, uma galinha.
A obra explora dimensões do delírio, do mágico, do onírico em narrativas híbridas que fogem a classificações.
Último livro publicado, conta duas histórias: a de narração de Rodrigo S. M. e a de Macabéa, datilógrafa alagoana que mora no Rio de Janeiro.
Não se pode chamá-lo de livro de crônicas, pois é mais do que isso. São 108 textos pequenos, médios e, aqui e ali, extensos; traz contos, crônicas, aforismos.
A abertura usual de narrativas é logo tensionada: “Era uma vez… Era uma vez: eu!”. Esse eu corresponde ao do cachorro Ulisses, cujos latidos Clarice traduz.
Escrito concomitantemente à A hora da estrela durante três anos, foi publicado postumamente com organização de Olga Borelli.
Lançado postumamente, reúne seis escritos de 1940-41 e dois de 1977, pouco antes da morte da autora, que falam sobre sentido da vida, solidão e condição feminina.
468 crônicas publicadas originalmente no Jornal do Brasil, entre 1967 e 1973, aborda temas sob o impacto de quem observa o mundo pela primeira vez – a descoberta.
Dissonante das quatro outras obras para crianças, traz doze lendas brasileiras em narrativas re-elaboradas pela escritora.
