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Notícias e ensaios sobre a obra de Clarice Lispector

Dias de Clarice em Washington

O filme Dias de Clarice em Washington captura um momento bastante diferente e decisivo da vida e da obra da escritora, quando vivia na capital norte-americana com a família, entre 1952 e 1959. Além de expressivo número de fotografias inéditas – que registram o ambiente doméstico e o convívio com amigos – há imagens preciosas filmadas durante evento público, no qual aparecem a escritora, seu marido, Mauri Gurgel Valente, o filho Paulo, além de amigos do casal.

“Eu, Bruxa?”

Em janeiro de 1975, Clarice Lispector recebeu uma carta-convite, assinada por Simón González, empresário, político e místico colombiano, convidando-a a tomar parte no Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria, que seria realizado entre 24 e 28 de agosto daquele mesmo ano em Bogotá, na Colômbia. [...] Mas por que Clarice Lispector foi convidada para o Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria?

A escuridão na escuridão

Escuridão é uma palavra oca e nunca se sabe bem o que cabe dentro dela. De tal forma suas dimensões são indeterminadas que talvez se possa dizer até mesmo que nela cabe tudo e não cabe nada, pois, sendo um imenso celeiro de paradoxos, ao vazio primordial que a caracteriza soma-se imediatamente a qualidade equívoca da desmedida. Atributos que, assim pactuados, ganham particular densidade quando lavrados pelas mãos da autora de A maçã no escuro.

O infamiliar

A palavra “infamiliar” é um neologismo que Clarice Lispector utilizou em vários momentos de sua obra. O vocábulo não está dicionarizado na língua portuguesa e não se pode afirmar que a autora seja a primeira a criá-lo na literatura brasileira. No entanto, ao mencionar a palavra “infamiliar” ao menos dezesseis vezes, seja nos romances, seja em contos e crônicas, a autora faz desse significante singular um objeto de maior atenção.

O Rio de Clarice Lispector

Clarice Lispector passou a infância em Recife, mas aos 15 anos se mudou com o pai e as duas irmãs para o Rio de Janeiro. Foi na então capital federal que a escritora viveu a juventude e o início da vida adulta: concluiu o ensino médio, se formou na faculdade de direito, teve as primeiras experiências profissionais na imprensa, se casou e, em 1943, lançou seu primeiro livro Perto do coração selvagem.

Entrevista com Claire Williams

Neste vídeo, aproveitando sua passagem pelo Brasil, Elizama Almeida conversou com Claire Williams, professora da Universidade de Oxford e crítica da literatura de Clarice Lispector. 

De uma leitura, a felicidade secreta

Em um livro pequeno, vasto e reluzente chamado Três degraus na escada da escrita, de Hélène Cixous (1993), a autora é levada a três escolas por escritores que ama: a Escola dos Mortos, a dos Sonhos e a das Raízes. Um dos livros que transportam Cixous para a Escola dos Sonhos é o segundo romance publicado de Clarice Lispector, O lustre.

A volta à origem como promessa de futuro

Mais ou menos fantásticas em seus enredos, essas histórias infantis revelam narradoras que, despidas quase por completo da instância ficcional, em muito se assemelham à autora: são mães, escritoras, assinam “C.L.” ou até mesmo dizem se chamar Clarice. Assim, se há nessas narradoras uma postura horizontal em que se pressupõe o respeito às particularidades da infância, nesse mesmo movimento flagra-se também o desejo de se tornar um pouco mais criança.

Ulisses Lispector: um retrato

O filme retrata o célebre Ulisses, cachorro de Clarice Lispector e personagem de destaque em sua vida e ficção. Ele está presente no romance póstumo Um sopro de vida, é o narrador do livro infantil Quase de verdade, foi citado em inúmeras crônicas e hoje está imortalizado, ao lado de sua dona, em uma estátua de bronze na amurada da praia do Leme, no Rio de Janeiro.

  • Postagem
  • 23/01/2023

Infância em Clarice

Nesta vídeo-aula, Mell Brites, autora do livro As Crianças de Clarice: Narrativas da Infância e Outras Revelações, aborda o tema da infância na literatura de Clarice Lispector, tanto em seus livros infantis como naqueles voltados para o público adulto.

Perto de Clarice

No dia 10 de dezembro, o IMS Rio celebra o dia do nascimento de Clarice Lispector. Neste ano, iremos apresentar, em única exibição, às 18hs, o filme curta-metragem Perto de Clarice, de João Carlos Horta, de 1982, em nova versão digitalizada, a partir do original em 35mm preservado pelo Centro Técnico Audiovisual (CTAv). Após a exibição do filme, haverá uma conversa entre a escritora Heloisa Buarque de Holanda, que esteve envolvida na realização do filme e é viúva do diretor, e Teresa Montero, autora da mais recente biografia da escritora, À procura da própria coisa (Rocco, 2021), intermediada pelo consultor de literatura do IMS, o poeta Eucanaã Ferraz.

Clarice na rede de Princeton

O Brazil LAB é uma iniciativa interdisciplinar da Universidade de Princeton que considera o Brasil um nexo crucial para entendermos as questões mais prementes da atualidade. Sediado no PIIRS (Instituto de Estudos Internacionais e Regionais de Princeton), o LAB reúne professores(as), pesquisadores(as) e estudantes de mais de 20 diferentes departamentos da universidade (das ciências sociais às naturais, das engenharias às artes e humanidades) em interação com dezenas de pesquisadores(as) de instituições acadêmicas de excelência.

Crônica de um patrimônio que precisa ser preservado

Eu morri. Descobri isso quando, um dia, na calçada da Praça Maciel Pinheiro, ergui a cabeça, abri os olhos e avistei-me morto, ali, na calçada da praça, o sobrado do outro lado da rua. Meu coração despedaçado dentro do peito, o sobrado da rua do Aragão, 387, onde, no segundo andar, Clarice Lispector viveu uma infância feliz, aqui no Recife, apesar das dores do mundo e de viver e sentir, principalmente, as dores de uma doença implacável que um dia arrancaria Mania, a sua mãe, de perto de si.

À procura de Clarice Lispector: o desafio biográfico de Teresa Montero

Além de confirmar o valor do gênero biográfico como meio privilegiado de atender às reivindicações de um público curioso sobre o passado de personalidades famosas, Teresa Montero desafia as convenções do gênero, ao reconstituir a vida familiar, as experiências pessoais, as amizades e o processo de criação de Clarice Lispector, uma autora que, com todas as suas forças, fez existir a sua vocação para a literatura como fatalidade e salvação.

Olímpico: o último homem será o primeiro

[...] por toda a obra de Clarice se manifesta uma deslumbrada – quase primordial, inaugural, edênica – visão do gênero, da divisão homem-mulher. Nota-se um fascínio assustado de haver no mundo um homem-macho-animal, como lemos por exemplo no conto “O búfalo”, e também nesse outro conto sobre a masculinidade fantásmica e monstruosa que é “O jantar”.

Site de Clarice Lispector é premiado

O novo website de Clarice Lispector, lançado no centenário da escritora, em 10 de dezembro de 2020, foi premiado, no último mês de dezembro, com o segundo lugar na categoria de melhor Design Digital, do Brasil Design Award. 

Idiotice e santidade

Michel de Certeau, em sua La fable mystique, aborda um aspecto importante na relação entre idiotice e santidade nos primeiros séculos, em particular, na literatura cristã, a saber: um modo de isolamento na multidão. A idiotice, sob forma da loucura, vai para a multidão e, mais do que isso, se instaura como provocação, transgressão do campo dos “bem-pensantes”.

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  • 06/12/2021

“Felicidade clandestina”

Como convite para o público adentrar o universo clariceano, que dialoga com a infância em seus textos voltados para o público adulto, a equipe de Educação do IMS Rio convidou Adélia Oliveira para ler um trecho do conto "Felicidade Clandestina", de Clarice Lispector. Tal universo é profícuo ao nos convidar a adentrar paisagens internas de suas personagens num trabalho peculiar e instigante com a linguagem.

“A mulher que matou os peixes”

Dialogando com as temáticas e questões de sua literatura "adulta", os livros infantis de Clarice Lispector valorizam a fruição estética e o respeito ao leitor criança com o qual a narradora dialoga constantemente. A literatura infantil de Clarice é um marco na produção do gênero no Brasil, no entanto ainda é desconhecida por muitos e estudada por poucos.

Fragmentos de estrelas

A escritora Ana Maria Machado viveu um episódio inusitado e emocionante com Clarice Lispector. Isso aconteceu em 1975. Após ter lido um artigo publicado por Ana Maria sobre o aniversário do escritor Roland Barthes, naquele dia, no Jornal do Brasil, Clarice, que não a conhecia pessoalmente, pediu ajuda insistentemente a ela para organizar o que seria dali a dois anos o livro A hora da estrela.

Em casa com Clarice

Acredito que Clarice e eu compartilhávamos uma sensação comum: os objetos não são inanimados, ao contrário, têm uma vida secreta. Não sei se o leitor já fez a experiência de, à noite, desligar as luzes de sua sala e, aos poucos, observar que seus olhos se adaptam ao es- curo e finalmente você consegue perceber a presença viva das coisas.

O símbolo e a coisa

A obra de Clarice Lispector gira em torno de duas noções: o símbolo e a coisa. A coisa, a física e o símbolo, a metafísica; a coisa, a imanência, e o símbolo a transcendência; a coisa, o corpo, e o símbolo, a linguagem; a coisa, a existência, e o símbolo, o dizer; a coisa o acontecimento, e o símbolo a forma de dar a ler a não-simbolizável coisa.

Uma moldura para Clarice

Na década de 1960, o espanhol Jaime Vilaseca era marceneiro no Rio de Janeiro, até que um encontro com Clarice Lispector mudou sua vida. A escritora encomendara a ele uma estante de livros, que foi feita e montada em seu apartamento, no bairro do Leme. Durante aqueles dias, silenciosamente, observara-o trabalhando e, terminado o móvel, olhou para ele e disse: "Você vai ser moldureiro. Não vai escapar ao seu destino!".

Scliar em Cabo Frio

Passei um fim de semana inesquecível em Cabo Frio, hospedada por Scliar, que pintou dois retratos meus. O sobrado de Scliar é uma beleza mesmo. Cabo Frio inspira Scliar. Perguntei-lhe sobre tanta criatividade.