, Paulo Gurgel Valente recorda sua mãe, Clarice Lispector. IMS Clarice Lispector, 2014. Disponível em: https://site.claricelispector.ims.com.br/2014/12/09/paulo-gurgel-valente-recorda-sua-mae-clarice-lispector/. Acesso em: 22 novembro 2024.
No dia 10 de dezembro, o Instituto Moreira Salles promove a quarta edição de Hora de Clarice, evento que registra o aniversário de Clarice Lispector (1920-1977).
Como parte da comemoração, o IMS produziu um vídeo-depoimento de Paulo Gurgel Valente, filho da escritora, que conversa com Eucanaã Ferraz e Elizama Almeida e relembra, por exemplo, as personalidades que frequentavam a sua casa e o primeiro livro que leu da mãe.
Correio para mulheres, organizado por Aparecida Maria Nunes, reúne textos de Clarice Lispector para o público feminino, escritos em três momentos distintos da carreira da escritora.
O filme retrata o célebre Ulisses, cachorro de Clarice Lispector e personagem de destaque em sua vida e ficção. Ele está presente no romance póstumo Um sopro de vida, é o narrador do livro infantil Quase de verdade, foi citado em inúmeras crônicas e hoje está imortalizado, ao lado de sua dona, em uma estátua de bronze na amurada da praia do Leme, no Rio de Janeiro.
[...] por toda a obra de Clarice se manifesta uma deslumbrada – quase primordial, inaugural, edênica – visão do gênero, da divisão homem-mulher. Nota-se um fascínio assustado de haver no mundo um homem-macho-animal, como lemos por exemplo no conto “O búfalo”, e também nesse outro conto sobre a masculinidade fantásmica e monstruosa que é “O jantar”.
Tornou-se lugar comum dizer que a escrita de Clarice busca ultrapassar o limite da linguagem, que a autora nomeia como “it”, “núcleo”, “objeto”, “coisa”, “indizível”, “silêncio”
Mais ou menos fantásticas em seus enredos, essas histórias infantis revelam narradoras que, despidas quase por completo da instância ficcional, em muito se assemelham à autora: são mães, escritoras, assinam “C.L.” ou até mesmo dizem se chamar Clarice. Assim, se há nessas narradoras uma postura horizontal em que se pressupõe o respeito às particularidades da infância, nesse mesmo movimento flagra-se também o desejo de se tornar um pouco mais criança.
Em 1970, Clarice Lispector começou a escrever a obra que viria a ser chamada de Água viva.Publicado no final de agosto de 1973 pela Artenova, reproduz-se a seguir um manuscrito