, Sem fórmulas. IMS Clarice Lispector, 2014. Disponível em: https://site.claricelispector.ims.com.br/2014/04/28/sem-formulas/. Acesso em: 15 abril 2025.
Em 1970, Clarice Lispector começou a escrever a obra que viria a ser chamada de Água viva. De acordo com Nádia Gotlib na “Memória seletiva” publicada no número especial dos Cadernos de Literatura Brasileira sobre Clarice:
Incorporando notas antigas, começa a trabalhar em um novo romance intitulado Atrás do pensamento: monólogo com a vida. O livro, que em fase posterior seria chamado Objeto gritante, por fim se definiria como Água viva e sairia sob o amplo gênero “ficção”, diante do entendimento da própria autora de que ultrapassara as classificações convencionais da narrativa literária.
Capa da 1ª edição de Água viva, publicado em 1973 pela Artenova. Biblioteca Ana Cristina César / Acervo IMS
A professora Clarisse Fukelman faz uma análise de Água viva e diz que, nessa obra, a autora “radicaliza processos inovadores de escrita que já experimentara em publicações anteriores” e desenvolve um livro em que “não há história linear nem tema central”.
Água viva foi publicado no final de agosto de 1973 pela editora Artenova. Reproduz-se a seguir um trecho manuscrito da obra sob a guarda do Instituto Moreira Salles, seguido de sua transcrição.
Trecho manuscrito do livro Água viva, de Clarice Lispector. Arquivo Clarice Lispector / Acervo IMS
Calo-me.
Porque não sei qual é o meu segredo. Conta-me o teu, ensina-me sobre o secreto de cada um de nós. Não é segredo difamante. É apenas esse isto: segredo.
Correio para mulheres, organizado por Aparecida Maria Nunes, reúne textos de Clarice Lispector para o público feminino, escritos em três momentos distintos da carreira da escritora.
Nesta vídeo-aula, Mell Brites, autora do livro As Crianças de Clarice: Narrativas da Infância e Outras Revelações, aborda o tema da infância na literatura de Clarice Lispector, tanto em seus livros infantis como naqueles voltados para o público adulto.
Eu morri. Descobri isso quando, um dia, na calçada da Praça Maciel Pinheiro, ergui a cabeça, abri os olhos e avistei-me morto, ali, na calçada da praça, o sobrado do outro lado da rua. Meu coração despedaçado dentro do peito, o sobrado da rua do Aragão, 387, onde, no segundo andar, Clarice Lispector viveu uma infância feliz, aqui no Recife, apesar das dores do mundo e de viver e sentir, principalmente, as dores de uma doença implacável que um dia arrancaria Mania, a sua mãe, de perto de si.
O filme Dias de Clarice em Washington captura um momento bastante diferente e decisivo da vida e da obra da escritora, quando vivia na capital norte-americana com a família, entre 1952 e 1959. Além de expressivo número de fotografias inéditas – que registram o ambiente doméstico e o convívio com amigos – há imagens preciosas filmadas durante evento público, no qual aparecem a escritora, seu marido, Mauri Gurgel Valente, o filho Paulo, além de amigos do casal.